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domingo, 15 de agosto de 2010

O Medo

       O medo aprisiona muitas pessoas. Algumas ficam anos presas sem que ninguém saiba. E às vezes nem a pessoa sabe que está presa, pois o sofisma sobre ela é tão forte que a cega completamente. Você com certeza já deve ter ouvido alguma lenda sobre um soldado perdido em um lugar distante, achando que ainda estava vivendo em uma época passada. Pois vou lhe contar uma coisa: esta lenda é real! Shoikoi Yokoi era um soldado japonês. Na Segunda Guerra Mundial ele servia na ilha de Guam. Percebendo que o fim da guerra aproximava-se, fugiu para a floresta temendo ser capturado pelo exército norte-americano. Algum tempo depois ele descobriu que a guerra havia terminado, ao ler um dos folhetos lançados sobre a floresta por aviões norte-americanos. Mesmo assim teve medo de ser feito prisioneiro. Na verdade ele já estava prisioneiro do medo. Ficou nesta prisão por vinte e oito longos anos. Escondia-se em uma caverna e saia à noite. Comia sapos, ratos, baratas e mangas. Até que foi achado por caçadores e finalmente convencido de que já era suficientemente seguro para sair. Parece chocante, mas é real. O medo, e principalmente o medo da morte, enche prisões onde aparentemente não se vê paredes ou grades, nem carcereiro. Mas ele, o carcereiro, está lá, e é cruel.
          Muitas vezes o que uma pessoa presa nas cadeias do medo precisa, é de que outra pessoa lhe mostre que não precisa temer, dando o exemplo. Estou falando de pais espirituais, que se entregam como sacrifício vivo, como oferta de amor a Jesus pelos outros. Que se levantam para mostrar que se nesta cadeia não se vêem grades ou paredes, é porque provavelmente elas não estão lá. E é o carcereiro (o diabo), quem fica sofismando estas pessoas. Pais espirituais ajudam a desmascarar e dissolver todo sofisma quando eles se colocam realmente na posição de pais espirituais e mostram que estes filhos verdadeiramente podem, e devem, estar livres de todo tipo de prisão.
       Com Carinho, para o seu coração

          Marcelo Neves

sábado, 7 de agosto de 2010

O VELÓRIO

Ao chegarem para a EBD, naquela manhã de domingo, os irmãos levaram um grande susto com um cartaz colocado à porta do templo, que dizia: “Hoje, após a EBD, CULTO FÚNEBRE”.
       Todos ficaram atônitos e preocupados, afinal de contas alguém havia falecido. Mas quem seria esta pessoa? Ninguém sabia informar. O próprio Pastor não havia sido visto naquela manhã, pois chegara muito cedo e estava trancado em seu gabinete.   “Deve estar com a família enlutada”, pensaram.
       Ao final da EBD, o Pastor abriu a porta do templo e convidou a todos que entrassem solenes e reverentes. Todos entraram e deram de cara com um caixão logo a frente do púlpito que, cercado por cordas, impedia o acesso dos mais curiosos que quisessem saber de que se tratava. O Pastor sem demora começou o culto com uma oração e logo após emendou com a ministração da Palavra de Deus. Na ministração, falou das características do falecido. Boas e más ele listou todas as características do falecido sem que servisse de pista de que se tratava, a não ser, que o falecido tinha “ATRAPALHADO O CRESCIMENTO DE ALGUNS” membros daquela igreja.
       Depois de certo ponto da ministração, o Pastor convidou a todos a fazerem fila para ver o morto e depois voltarem aos seus lugares ordeiramente. Quando as pessoas passavam diante do caixão, levavam um grande susto. Alguns choravam, outros ficavam indignados, outros ficavam perplexos. Dentro do caixão encontrava-se um espelho e cada pessoa via seu próprio reflexo nele.
       A partir daí a ministração se dividiu em três partes: na primeira o Pastor usou o texto de Ezequiel 37, onde Deus diz ao profeta para profetizar sobre o vale dos ossos secos e eles passam a viver, dizendo que a igreja não pode mais se colocar como ossos sem vida largados sobre a face do vale. Em segundo lugar, o Pastor usou o texto de Gálatas 2:20 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mi”. Lembrou o significado do Batismo em que morremos para as coisas deste mundo e renascemos para uma nova vida em Cristo,e devemos nos lembrar que se morremos, quem passou a viver foi Cristo. Por fim falou que a pessoa que mais poderia atrapalhar o nosso crescimento, éramos nós mesmos, e que deveríamos lembrar, todos os dias, que se esta pessoa morreu, não há mais desculpas para não crescermos.
       Quer saber o final desta história? Basta se fazer presente nela, fazer parte dela. Assim sendo esta será também a sua história. E então, qual será o final da sua história?
  

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Muito mais que Pão e Vinho - Parte III

MOTIVAÇÃO ERRADA


          Paulo logo depois afirma que quando os irmãos se reuniam, não era para ceiar e sim para se fartar de comida e bebida (v. 20, 21). Eles não se reuniam para estar na comunhão do Corpo de Cristo e sim para estar em “cominhão”.  Quem chegava primeiro tratava logo de se fartar, não se importando se sobraria alguma coisa para quem ainda não havia chegado. Assim quem chegava primeiro comia tudo e se embriagava e quem chegava depois ficava com fome e sede. Ambos estavam errados. Os primeiros porque pareciam porcos, glutões e bêbados, chafurdando na lama; e os segundos porque também não tinham entendido nada sobre o significado da ceia. Estavam com fome porque também achavam que a ceia era um tipo de “boca livre” e iam para o encontro sem terem se alimentado antes. Paulo os adverte claramente sobre não ser aquele o local próprio para se comer ou beber (v. 22). A diferença entre o primeiro e o segundo grupo é tão somente que o segundo grupo chegou atrasado. Se estes tivessem chegado primeiro a história teria se repetido da mesma maneira, pois eles não tinham a compreensão do significado da ceia.
          Mas você pode estar pensando: mas e os irmãos que não tinham verdadeiramente o que comer? Na verdade eles também estão incluídos no grupo que achava que a ceia era uma grande “boca livre”. Uma bela oportunidade para tirar a barriga da miséria. Mesmo que apenas por aquele dia. Mas apesar disto, Paulo não absolve os irmãos que não pensam nos que nada tem. Ele ainda os questiona se eles com esta atitude não “menosprezam a igreja de Deus e envergonham os que nada tem?” (v. 22).
          Na verdade este pode não ser o caso nos dias de hoje, pois a ceia é distribuída em pequenas doses de vinho e pedaços de pão que dão para todos participarem. Mas será que apesar disto todos compreendem o que estão fazendo? Será que todos têm a motivação correta? Ou será que estamos vivendo a mesma história, apenas com fatos diferentes? Vivemos dias em que o EUvangelho tem sido fortemente pregado pelos seus profetas. Estas pessoas participam não somente da ceia, mas também de todas as atividades da igreja como se nada estivesse acontecendo ao seu redor. Não conseguem reparar se um irmão ou outro esta com alguma necessidade, seja ela qual for. Só reparam quando é para falar mal, para apontar e criticar, se colocando assim em uma postura típica de um fariseu. É um “sepulcro caiado” que também não entendeu nada sobre a ceia.
          Lembro-me de uma cena de um filme que assisti chamado “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, onde em um culto um irmão leva até o seu pastor a idéia da igreja ir evangelizar e realizar ação social em um lixão. O pastor levou a idéia a igreja e ninguém quis ir. Logo depois o pastor convocou a igreja para trazer comida e refrigerante para comemorarem no mesmo dia o aniversário de uma irmã fofoqueira, que acreditava em ETs, e dormia o culto inteiro. Resultado: uma algazarra. Todos, com exceção do irmão que deu a idéia do evangelismo e sua família compareceram a “boca livre”. O irmão foi com sua família para o lixão.
          Lembrando-me de outro filme: “O super-crente II”. Houve uma mensagem de arrependimento aos irmãos que usavam máscaras de crentes felizes e abençoados, mas na verdade eram hipócritas. Alguns destes irmãos se arrependeram. Mas uma personagem me chamou atenção. Tratava-se de uma irmã que ao final da mensagem falou ao seu líder: “ a irmã fulana tinha que ouvir esta palavra”. Além de não prestar atenção na própria vida, vivia perseguindo uma irmã a ponto da mesma se entristecer e desanimar; e participou da ceia no mesmo dia tranqüilamente. Lembra bem o fariseu que ao orar no templo, se gabava de si mesmo e se comparava com um publicano que na sua oração só fazia se humilhar (Lc. 18: 9-14).