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segunda-feira, 18 de maio de 2015

MÃOS VAZIAS

       Pais enterrarem seus filhos foge a ordem natural das coisas. O normal seria os filhos enterrarem seus pais depois de uma farta velhice. Mas, há algumas semanas atrás, fui abatido pela notícia do falecimento de um dos filhos de um querido amigo. Uma família de discípulos que foram crescendo e conquistando juntos várias vitórias em Cristo. Porém, um dos meninos sucumbiu perante as drogas. O sentimento de impotência veio muito forte sobre mim, pois agora, morando distante deles, não teria como ajudar muito nessa hora difícil. Mas o pior de tudo foi o sentimento de que poderia ter feito mais e melhor pelo rapaz enquanto estava vivo, muito embora, tivesse acompanhado eles de perto e, uma semana antes em um encontro com os pais, nos honraram com o testemunho de quanto nossa atuação tinha sido importante para eles.
       Ao meditar sobre o assunto, lembrei-me de uma peça antiga, muito impactante, chamada “mãos vazias”. Nessa peça, Jesus está no grande julgamento onde todos nós passaremos. Ele chama as pessoas uma a uma para mostrarem a suas mãos. Aqueles que apresentam mãos vazias são lançadas no fogo eterno. Igualmente, as pessoas que apresentam obras cheias de orgulho próprio, têm o mesmo destino. Fiquei a pensar no estado em que minhas mãos se encontravam. Estariam elas vazias? Estariam elas cheias de obras infrutíferas, da carne ou cheias de orgulho próprio? Fiquei dias meditando sobre isso. Aliás, ainda estou. A verdade é que fui cheio de um temor no Senhor. O que tenho eu feito?
       O texto de Mateus 25:31-46 é claro quanto a isso. Nesse texto vemos o julgamento em que Jesus separa “ovelhas” de “bodes” e o tratamento dado a esses dois grupos pela atenção que eles deram aos “pequeninos”. Medite comigo nesse texto:
      “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”.
Observando este texto, podemos entender que ambos os grupos não entenderam, a princípio, o julgamento do Senhor sobre eles. Jesus falava sobre o bem o ou mal que estes grupos fizeram a Ele próprio. Ambos os grupos perguntaram ao Senhor quando fizeram, ou deixaram de fazer, aquelas coisas. Jesus foi enfático ao revelar que quando fizeram, ou deixaram de fazer aos “pequeninos irmãos”, fizeram ou deixaram de fazer a Ele.
       Como está o nível de preocupação, e ação, que tenho dispensado ao próximo? A salvação tem sido tão suficiente para mim que não tenho tido tempo de levá-la aos outros? Ou se tenho levado, ela tem sido seca ao ponto de não vislumbrar as dores e o sofrimento das pessoas? O texto é claro sobre os níveis de atuação que temos que ter. Ir às favelas, presídios, hospitais, velórios, aos lugares onde há dor. Levar o “Pão da Vida”, sem muitas vezes levar o pão literalmente, chega a ser hipocrisia.        Devemos sentir a dor que o próximo sente. Devemos sim nos alegrar com os que se alegram, mas sem deixar de chorar com os que choram. Afinal: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração” (Eclesiastes 7:2).
       Devemos ir além. Devemos ir além das quatro paredes de um templo e sermos, literalmente, “chamados para fora”. Devemos fazer por onde estarmos no grupo das ovelhas.
       Gostaria de finalizar este texto deixando uma pergunta para a sua meditação: Se o grande dia do julgamento fosse hoje, como você apresentaria?  Você se apresentaria de “mãos vazias”?


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